Enquanto eu estava na aula, o tempo fechou
inesperadamente, olhei pela janela da sala e
a chuva começava a cair fininha, mas com o tempo que eu estava vendo ela só aumentaria. Era apresentação de um trabalho em grupo e por um erro de dois membros do meu grupo, tivemos que praticamente refazer quase todo o trabalho e improvisar na hora, o que fez que nos atrasássemos em tudo. No final da apresentação já era hora de ir embora e nós fomos os últimos, o professor me chamou pra uma breve conversa o que me fez xinga-lo em pensamento ao ver todos os meus amigos indo em bora e eu ali, sendo que seria quase impossível achar um taxi nessa chuva.
a chuva começava a cair fininha, mas com o tempo que eu estava vendo ela só aumentaria. Era apresentação de um trabalho em grupo e por um erro de dois membros do meu grupo, tivemos que praticamente refazer quase todo o trabalho e improvisar na hora, o que fez que nos atrasássemos em tudo. No final da apresentação já era hora de ir embora e nós fomos os últimos, o professor me chamou pra uma breve conversa o que me fez xinga-lo em pensamento ao ver todos os meus amigos indo em bora e eu ali, sendo que seria quase impossível achar um taxi nessa chuva.
Depois de ele me amolar por poucos minutos, sai em
direção à rua na tentativa de arrumar um taxi, liguei pra minha tia e seu
celular só ia pra caixa postal. “Como assim caixa postal? Ela sempre deixa esse
celular ligado” pensei alto e no desespero disquei o numero que eu já sabia de
cor.
Daniel: Alô, Carol? – Atendeu sonolento.
Carol: Dan? Desculpa ter te acordado – Falei tentando me
desculpar e ele ao ouvir o barulho da chuva e quase meu grito por um carro
passar e molhar minhas pernas pareceu levantar rápido e prestar atenção no que
falava.
Daniel: Aonde você tá Carol? – Perguntou preocupado – Que
barulho é esse?
Carol: Eu tô saindo da faculdade – Falei tentando me
defender da chuva – E tá chovendo muito, não passa nenhum taxi por aqui e tô
tentando ligar pra minha tia e ela não atende – Choraminguei – Me ajuda Dan.
Daniel: Me espere aí que eu vou lhe buscar – Falou rápido
e eu agradeci a Deus milhares de vezes – Não saia daí tá me ouvindo? Eu chego
em 10min.
Carol: Tá, obrigada – Falei e ouvi ele suspirar.
Daniel: Eu vou desligar, já estou saindo.
Nos despedimos rapidamente enquanto ainda com meu celular
na mão tentava me abrigar em qualquer lugar pra que a chuva não me pegasse.
Fiquei rezando baixinho pra que Dan chegasse logo e me levasse pra casa, o que
não demorou muito e vi seu carro dobrar a rua e parar em minha frente. Corri e
ele abriu a porta por dentro e entrei rapidamente, ao olhar pra ele, vi que
tinha uma carinha amassada de sono e vestia qualquer roupa e me olhava
preocupado.
Carol: Obrigada por ter vindo me buscar – O abracei forte
e ele retribuiu – Eu já estava com medo – Desfiz o abraço e ele passou
delicadamente a mão em meus cabelos tentando enxuga-los.
Daniel: Eu jamais te deixaria aqui, tá maluca? – Falou
calmo me olhando lindamente – Amigos são pra isso, não é mesmo?
Carol: Eu não tinha o direito de te acordar há essa hora e
pedir pra vir me buscar – Falei sentando confortavelmente enquanto
ele me olhava com um sorriso de canto.
Daniel: Nunca mais pense assim, eu sou seu amigo e tô
aqui pra cuidar de você – Falou dando partida no carro – Tenho certeza que
faria o mesmo por mim.
Carol: Faria sim, muito mais – Sorri fazendo um leve
carinho em seu cabelo e fazendo-o sorrir.
Coloquei meu celular perto do porta-malas e amarrei meus
cabelos em um coque alto, fomos conversando todo o percurso ao meu apartamento.
Podia ver o quanto Dan estava cansado e com sono e me senti culpada por ter lhe
feito vir me buscar a essa hora, só ele mesmo pra fazer isso por mim, não
demorou muito e ele estacionou em frente ao meu condomínio.
Daniel: Pronto, está entregue – Sorriu me olhando
carinhosamente.
Carol: Obrigada de novo – Sorri lhe abraçando – Nem sei o
que eu faria se você não tivesse ido me buscar.
Daniel: Esqueça isso – Me olhou colocando uma mecha de
meu cabelo atrás da orelha – É bom que agora sabe que quando precisar eu estou
aqui.
Carol: Eu sei, você é meu anjo – O abracei novamente – Eu
vou indo, preciso tirar essa roupa e tomar um banho quente ou vou acordar
resfriada amanhã – Sorri pegando minha bolsa – E você também precisa descansar,
nos vemos amanhã.
Daniel: Concordo, não quero lhe ver resfriada amanhã – Me
deu um beijo carinhoso na testa – Boa noite.
Carol: Boa noite, até amanhã e cuidado na volta – Lhe dei
um leve beijinho no rosto e desci do carro.
Dei um tchauzinho, ele esperou que eu entrasse e partiu.
Cumprimentei Alberto que fazia o turno da noite no meu condomínio e subi, ao
abrir a porta minha tia estava dormindo no sofá. Entrei sem fazer muito barulho e
me aproximei dela que falava algumas coisas que eu pouco entendia, decidi que
não a acordaria, ela estava cansada e como o sofá era confortável, fui ao seu
quarto e peguei um cobertor quentinho, lhe cobri e segui para meu quarto,
deixei minhas coisas, tomei um banho e voltei pra cozinha procurar algo pra
comer, preparei um sanduiche rápido e voltei pro quarto lembrando de mandar uma
mensagem pro Luan, porém quando procurei meu celular dentro da minha bolsa não
achei e então me lembrei que tinha esquecido dentro do carro de Dan. “Se Luan
ligasse e Dan atendesse, eu estava frita” pensei.
Tentei relaxar, caso Luan ligasse eu tinha certeza que
Dan não atenderia e amanhã eu explicaria a Luan o que aconteceu. Depois de
jantar, me deitei e depois de algum tempo pensando em Luan e admirando minhas
estrelas, peguei no sono, amanhã seria um longo dia.
(Luan Narrando)
Eu estava prestes a entrar no palco quando Rober entrou com
o celular na mão e uma cara de preocupação.
Luan: Que foi testa? – Perguntei enquanto arrumava meu
cabelo em frente ao espelho.
Rober: A Jú que me ligou agora, São Paulo tá inundado –
Sentou em uma poltrona – Teve até acidente – Na mesma hora lembrei que Carol
saia da faculdade naquele horário e por impulso peguei o celular de Rober que
me olhou espantado.
Luan: Me empresta aqui teu celular testa, o meu tá com a
Lêlê – Falei discando o numero de Carol, chamou até cair e uma preocupação
repentina tomou conta de mim, então insisti e chamou por quatro vezes até ouvir
uma voz masculina atendendo o celular da minha namorada – Quem tá falando?
Daniel: É o Daniel – O ouvi bater a porta do carro –
Luan?
Luan: Sim, sou eu – Falei seco – Cadê a Carol?
Daniel: Eu fui busca-la na faculdade por causa da chuva e
ela esqueceu o celular dentro do meu carro – Falou natural e isso me deu uma
raiva sem tamanho, eu poderia socar a cara dele se estivéssemos frente a frente
agora.
Luan: Amanhã eu ligo pra ela – Falei e desliguei quase
jogando o celular do testa na parede, porém ele foi mais rápido e pegou da
minha mão.
Rober: Calma aí cara, o que aconteceu? – Perguntou
guardando seu celular e me olhou preocupado.
Luan: Aquele infeliz daquele Daniel foi buscar a Carol na
faculdade e ela esqueceu o celular no carro dele – Sorri irônico – Ela só pode
tá de brincadeira – Passei a mão no cabelo nervoso.
Rober: Mas isso acontece boi, tá doido? Pelo o menos ele foi busca-la, nessa chuva era meio perigoso ela voltar sozinha pra casa – Falou
tentando me tranquilizar, mas não estava adiantando muito, ficava imaginando
coisas que eu jamais deveria imaginar, que ódio.
Arleyde: Vamos lá Luan? O show já vai começar – Chegou à
porta do camarim sorrindo e eu apenas acenei.
Me preparei e segui rumo ao palco, que naquele momento
seria o único lugar que me acalmaria e me faria esquecer desse episodio por um
tempo e amanhã eu só queria uma explicação de Carol.
(Carol Narrando)
No dia seguinte acordei disposta e feliz, hoje seria o
jantar com a família de Luan e mesmo com toda a ansiedade eu estava encantada
com tudo que estava acontecendo, eu parecia mais uma adolescente que vai conhecer
a família do primeiro namoradinho. Levantei, tomei meu banho e me arrumei
seguindo para a cozinha onde Dulce preparava nosso café e minha tia estava na
mesa vendo sua agenda no tablet.
Carol: Bom dia – Falei sorridente e alas me olharam.
Mariana: Bom dia meu amor – Sorriu me dando um beijo no
rosto – Dormiu bem?
Dulce: Bom dia Carol – Sorriu e me aproximei sentindo o
cheirinho bom de café.
Carol: Dormi sim – Dei um beijo no rosto de Dulce que
sorriu – Ai que cheirinho bom, tô faminta.
Mariana: E animada em? Tudo isso por causa do jantar com
os sogros é? – Brincou e sentei ao seu lado.
Carol: Também – Me encolhi – Vou ver meu amor e matar a
saudade.
Mariana: Ai que fase boa – Sorrimos e vi que minha tia
estava mesmo levando a serio a mudança de visual.
Carol: Está maravilhosa com essa roupa – A olhei e ela
sorriu – Olha essa saia, quem diria Mariana indo de saia toda linda pro
trabalho.
Mariana: Estou me sentindo ótima – Sorriu – Mas me fale,
que horas chegou ontem que não vi?
Carol: Um pouco tarde, choveu muito e eu não conseguia
achar nenhum taxi aí te liguei, mas seu celular só dava caixa postal – Falei enquanto
Dulce nos servia e ela me olhou preocupada.
Mariana: E como você voltou pra casa?
Carol: Liguei pro Dan e ele foi me buscar, coitado eu
acordei ele – Fiz careta e ela continuava me olhando da mesma maneira.
Mariana: Me desculpe amor, poderia ter acontecido alguma
coisa com você e eu acabei dormindo – Se desculpava segurando minha mão
carinhosamente.
Carol: Tudo bem tia, mas esqueci meu celular no carro
dele – Falei apreensiva e ela me olhou.
Mariana: Não quero nem ver se Luan tiver ligado e Daniel
atendido, meu Deus – Falou engraçado e mesmo com o nervosismo de imaginar o que
aconteceria se Luan tiver ligado, não teve como não rir.
Tomamos café em meio a brincadeiras e depois seguimos
para o escritório, no caminho eu rezava para que Luan não tivesse ligado, ou eu
teria que rezar pelo meu namoro, conhecendo Luan como eu conheço, mesmo com tão
pouco tempo juntos, eu sabia que ele tinha um pé atrás com Dan e o seu ciúme nesse
momento falaria mais alto que qualquer coisa. Ao chegarmos, vi Alê na recepção
com Rafa, cumprimentamos a todos e Rafa brincava com o visual lindo de minha
tia, o que nos fez dar boas gargalhadas.
Carol: Rafa, o Dan Chegou? – Perguntei enquanto seguíamos
para nossas salas.
Rafael: Chegou sim, tá lá na sala, vai lá.
Carol: Vou – Sai indo em direção à sala de Dan e a porta
estava entre aberta, bati e ele me olhou sorrindo – Posso entrar?
Daniel: Pode claro – Fechou o notebook e se sentou mais confortavelmente
em sua cadeira – Bom dia.
Carol: Bom dia – Sentei em uma cadeira em frente a sua
mesa – Eu acho que esqueci algo com você ontem.
Daniel: Você é muito lerda – Brincou e eu o olhei incrédula
– Toma – Me entregou meu celular que estava dentro de sua mochila – Tome mais
cuidado.
Carol: Obrigada – Falei pegando meu celular e desbloqueando
– Quando fui olhar em minha bolsa e não vi, pensei que tinha perdido, mas aí
lembrei que tinha esquecido em seu carro – Procurei as ligações recebidas e
quase cai da cadeira quando vi o numero de Rober – Rober ligou ontem?
Daniel: Na verdade não foi o Rober – Me olhou agora um
pouco serio – Foi o Luan.
Carol: E você atendeu – Me encostei na cadeira já
imaginando qual seria sua resposta e fechei meus olhos.
Daniel: Desculpa ter sido invasivo Carol, mas é que foi o
numero do Robe, por isso atendi – Me olhou como quem suplicava por desculpas.
Carol: Tudo bem – Falei o tranquilizando – Não tem
problema algum – Sorri de canto e ele ainda me olhava culpado – Não faça essa
cara, eu teria feito o mesmo.
Daniel: Desculpa de novo – Segurou minha mão
carinhosamente.
Carol: Não importa, vamos esquecer isso tá bom? Obrigada
mais uma vez por ontem.
Daniel: Para de agradecer – Falou soltando minhas mãos.
Carol: Tá bom tá bom – Sorri – Agora eu preciso
trabalhar, beijo – Me aproximei lhe dando um beijinho no alto de sua cabeça.
Daniel: Vai lá e ó – Me chamou e eu o olhei – Desculpa tá?
Carol: Para de pedir desculpa seu chato – Sorrimos e sai
fechando sua porta.
Por um momento parei e encostei-me a uma parede perto da
minha sala, pensei nas milhares de coisas que Luan deveria estar imaginando
agora. Há essa hora ele deveria está no seu segundo sono ainda, mas eu não iria
aguentar esperar pra falar com ele quando ele chegasse pra saber se está tudo
bem, então sem pensar duas vezes segui para o banheiro e disquei seu numero “seja
o que Deus quiser” pensei. Chamou umas quatro vezes e ele atendeu com a voz
sonolenta.
Luan: Alô?
Carol: Oi amor – Falei apreensiva e ouvi ele suspirar.
Luan: Carol?
Carol: Desculpa ter te acordado há essa hora, mas é que
eu precisava falar com você sobre ontem – Respirei fundo e continuei enquanto
ele me ouvia atentamente – Eu acabei de pegar meu celular com Dan, ontem tava
uma chuva terrível aqui amor, o Dan foi me buscar e eu acabei esquecendo meu
celular em seu carro – Tentei explicar, mas acho que seria mais difícil do que
eu imaginava.
Luan: Olha Carol, daqui a pouco eu tô saindo daqui e
quando chegar nós conversamos – Falou seco e meu corpo gelou.
Carol: Você ainda vem me buscar em casa? – Perguntei calma.
Luan: Eu vou te buscar aí e te levo em casa – Disse ainda
seco.
Carol: Mas não foi isso que nós combinamos.
Luan: Mas é assim que vai ser, ou por um acaso o Daniel
vai te deixar em casa também? – Me surpreendi com sua grosseria, mas me mantive
calma.
Carol: Tudo bem Luan, acho que nós vamos ter uma longa conversa
mesmo – Falei com minha voz embargada, tive vontade de chorar, mas continuei
firme.
Luan: Nos vemos mais tarde, beijo.
E assim desliguei, sem falar mais nenhuma palavra. Eu não
estava acreditando no que estava acontecendo, no que ele disse e sua grosseira.
Enxuguei as poucas lagrimas que insistiam em cair e voltei pra minha sala, não
comentei nada com ninguém, eu só queria trabalhar e ocupar minha cabeça até ele
chegar.
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