Capitulo 58 ♡

Acordei no dia seguinte com o cheiro do café de Dulce. Me levantei e tomei um banho demorado, depois de pronta segui para a cozinha e me deparei com uma linda mesa de café da manhã esperando por mim.

Carol: Bom dia Dulce – Falei a abraçando carinhosamente – Que mesa linda.

Dulce: Bom dia Carol – Falou simpática – Sente-se que eu vou lhe servir.

Carol: Obrigada – Agradeci enquanto ela me servia – Minha tia saiu faz tempo?

Dulce: Sim, ela disse que tinha que ir mais cedo por causa da reunião né? – Perguntou e eu concordei com a cabeça enquanto comia – E ela disse pra você não se preocupar com o horário, poderia tomar seu café com calma.

Carol: Que ótimo então – Sorri – Hum isso daqui tá muito bom Dulce – Falei de boca cheia e ela sorriu.

Depois do meu demorado café da manhã, terminei de arrumar minhas coisas e pedi que seu Alfredo pedisse um taxi pra mim, depois de uns 10min ele chegou e eu segui em direção ao escritório. O trânsito estava horrível e eu demorei mais de 40min pra chegar lá. Logo avistei o carro de Luan, há essa hora a reunião já deveria estar no fim, entrei e dei de cara com Alê e Juliana.

Carol: Bom dia flores do dia – Falei animada as abraçando forte.

Alexsandra: Bom dia Carolzinha – Falou simpática retribuindo ao abraço.

Juliana: Bom dia Carol – Sorriu – Pegou trânsito?

Carol: Peguei e foi horrível – Reclamei – O Luan tá aí ne?

Alexsandra: Tá sim Carol, em reunião ainda.

Carol: E como é que tá a Aninha Alê? – Perguntei pois ela não foi ao nosso churrasco porque sua filha estava doentinha.

Alexsandra: Graças a Deus está melhor, fiquei muito preocupada ontem – Falou com um meio sorriso.

Ficamos conversando até que minha atenção foi tomada pela a presença de Dan, ele parecia confuso e até surpreso com a minha presença, ficamos nos olhando e Alê e Ju nos olhavam sem entender, ele estava lindo e como eu estava com saudades dele, mais seria hipócrita em fingir que nada aconteceu. Eu me afastei dele sem da nenhuma explicação e esse tempo todo recusei suas ligações e mensagens, eu me sentia a pior pessoa do mundo por tratá-lo assim, logo ele que tanto me ajudou, esteve do meu lado, cuidou de mim, e agora estarmos frente a frente sem que nenhuma palavra fosse suficiente naquele momento, até que ele, acho que sem mais aguentar aquele constrangimento, quebra o silencio desviando seu olhar do meu.

Daniel: É Ju, tá aqui os papeis que você me pediu – Falou calmo.

Juliana: Obrigada Dan – Agradeceu sorridente.

Daniel: Com licença – Falou saindo sem nem olhar pra minha cara e então uma lágrima caiu involuntariamente.

Juliana: Tá tudo bem Carol? – Perguntou sem entender.

Carol: Sim.. Tá tudo bem – Falei enxugando meu rosto rapidamente.

Alexsandra: Eu vou ligar pra sala de reuniões pra saber do Luan tá? Quem sabe a reunião já tenha acabado – Falou e quando ela estava pegando o telefone pra ligar eu a interrompi.

Carol: Não Alê não liga agora não, eu preciso resolver um problema antes.

E então fui em direção a sala de Dan, eu precisava explicar o porquê de tudo isso, o porquê do meu afastamento, meus motivos. Ele teria que entender que eu não fiz porque quis, eu precisei pra salvar meu namoro, ele teria que entender que eu o amo com todas as minhas forças e que eu não aguentaria perde-lo assim. Eu teria que ser verdadeira com ele e principalmente comigo. Andei rápido até sua sala com os olhos cheios de lágrimas, não conseguiria mais ficar assim, ou eu resolvia logo essa situação ou não resolveria mais.

Carol: Dan a gente precisa conversar – Falei entrando em sua sala e fechando a porta atrás de mim.

Daniel: Não sei se você tá vendo, mas eu estou muito ocupado – Falou seco sem me olhar.

Carol: Eu preciso que você me ouça Dan – Falei desesperada me aproximando de sua mesa – Eu preciso me explicar.

Daniel: Você quer que eu ouça o que Carol? Que você desistiu da nossa amizade e que não tem capacidade de me falar isso olhando nos meus olhos? Que você tá pouco se lixando pra gente? Que eu nunca representei nada pra você? – Falava com raiva na voz e eu me senti a pior pessoa do mundo.

Carol: Para Dan me ouvi, por favor – Pedi já com as lágrimas banhando meu rosto – Eu só preciso que você me ouça Dan.

Daniel: Sai daqui Carol, só em você ter recusado todas as minhas ligações e mensagens já foram suficientes pra mostrar que a nossa amizade não significa mais nada pra você – Falou grosso – Se é que um dia significou alguma coisa.

Carol: Dan não faz assim.. eu sei.. sei que que você tá com raiva e eu te dou toda razão, mas por favor, ouvi o que eu tenho pra te falar – Eu já chorava desesperadamente, eu jamais imaginei perde-lo assim, dessa maneira tão brusca – Eu fui uma completa idiota por ter te desprezado assim, mas eu estava tão confusa – Eu soluçava de tanto chorar ao lembrar que foi ele que me deu colo quando eu precisei, que foi ele quem me ajudou a superar meu medo, que foi ele quem cuidou de mim todas as vezes que eu precisei, foi ele quem me fez companhia, que me ajudou com meus trabalhos da faculdade, que esteve comigo nos meus piores e melhores momentos, eu o amava tanto pra perde-lo assim, eu precisava dele, do meu lado como sempre foi – Me desculpa, por favor.. me desculpa – Falei me aproximando dele, mas ele se afastava – Me deixa ao menos te explicar tudo o que aconteceu, por favor – Falei e ele me olhava serio, sentou e abaixou a cabeça e depois de respirar fundo me olhou confuso.

Daniel: Senta – Falou agora mais calmo.

Sentei-me de frente pra ele e ele me olhava com desprezo o que fez eu me sentir péssima, enxuguei minhas lágrimas e comecei a falar com calma. Contei sobre todas as crises de ciúmes que Luan teve por causa de nossa amizade, desde quando ele foi me buscar na faculdade e eu esqueci meu celular com ele, todas as mensagens carinhosas, a maneira como nos falávamos, tudo e por fim a nossa foto. Ele parecia não acreditar no que estava ouvindo, claro que eu sempre lhe contei sobre as crises de ciúmes de Luan, mas não tão detalhadamente assim, ele me olhava incrédulo e vez ou outra abaixava a cabeça e respirava fundo.

Carol: Eu preciso que me desculpe Dan, mas eu estava muito confusa – Falei voltando a chorar – Eu fui uma completa idiota em deixar de falar com você por medo de perder Luan.

Dan: Não, idiota mesmo é o Luan – Falou enxugando minhas lagrimas com as pontinhas dos dedos.

Carol: Eu não queria que isso tivesse chegado a esse ponto, juro que eu não queria. Você foi uma das pessoas que esteve ao meu lado quando eu mais precisei, você foi mais que um simples amigo pra mim, foi meu anjo – Eu falava e as lágrimas insistiam em cair – Me desculpa Dan, eu não quero perder sua amizade, mas se você não quiser nunca mais olhar na minha cara, eu vou entender, juro que eu vou.. – Enquanto eu falava sem parar ele se aproximou de mim e me prendeu em um abraço confortante – Você me desculpa?

Daniel: Talvez eu não te desculpasse se eu não te amasse tanto – Falou me olhando carinhosamente.

Carol: Eu também te amo Dan – Falei, mas ele me interrompeu.

Daniel: Não Carol, você não me ama como eu te amo e acredito.. que nunca irá amar – Falou abaixando a cabeça.

Carol: Mas..

Daniel: Acho que estamos prontos pra falar tudo o que sentimos certo? – Falou com um meio sorriso no rosto e eu o olhei confusa.

Carol: Não estou entendendo aonde você quer chegar.

Daniel: Eu sou completamente apaixonado por você Carol – Falou sincero e eu o olhei completamente confusa.

Carol: O que?

Daniel: Desde o primeiro momento em que eu te vi, sentada naquela mesa, tão linda, tão meiga, parecia que eu tinha encontrado a pessoa certa pra mim, mas ai você chegou já confusa, com os sentimentos completamente embaraçados, uma menina que precisava de uma pessoa com ela, uma pessoa para cuidar, para amar, para está perto.. Carente de si própria, eu vi que naquele momento eu não podia te olhar como eu tanto queria, não podia tá perto como eu realmente precisava, não podia te cuidar da maneira que eu tanto desejava. Eu te amo tanto, que os momentos que eu passei com você, mesmo você só falando de outra cara, acredite, foram os melhores pra mim, quando eu te tinha nos meus braços, era como se você fosse minha, pelo o menos por alguns minutos e o meu desejo era que você fosse realmente minha, pra sempre – Ele falou e respirou fundo, como se estivesse tirando um peso de suas costas.

Carol: Porque você só tá me dizendo isso agora? – Eu tentava entender cada palavras que ele me dizia.

Daniel: Porque eu tinha medo, medo de perder sua amizade e ficar longe de você. Carol você é tudo pra mim, eu nunca amei ninguém como eu te amo e você sabe que eu tentei com outras pessoas, mas o que eu sinto por você é mais forte e eu não posso me relacionar com outras mulheres se é você que eu quero.

Carol: Isso é loucura, meu Deus – Agora tudo fazia sentindo e Luan tinha toda razão em desconfiar de algo entre nós, mesmo confiando plenamente em mim. Eu tentava digerir tudo o que ele dizia, mas eu estava completamente perdida. Eu estava cega, eu sempre gostei tanto dele que nunca enxerguei a verdade, como eu fui idiota, meu Deus, como é que eu nunca enxerguei o que estava bem na minha frente. Já sem forças, sentei e coloquei minhas mãos sobre minha cabeça e senti quando ele se aproximou.

Daniel: Olha pra mim Carol – Falou levantando meu rosto para que eu o olhasse – Eu sei que a partir de agora tudo vai mudar, que eu sou o maior culpado de tudo isso e que você pode querer nem olhar mais na minha cara, mas eu precisava te abrir o jogo com você e te falar tudo o que eu sinto, me desculpa.

Eu não conseguia para de chorar em momento algum, eu o amava sim, eu o amava, mais como amigo somente, como uma pessoa que sempre esteve comigo. Eu era eternamente grata a ele por tudo, mas eu amava Luan ainda mais e tudo o que eu precisava naquele momento era dele, do meu lado. Eu não tinha raiva do Dan de maneira alguma e muito menos o culpava por tudo o que estava acontecendo, mas eu estava muito confusa, eu não conseguia pensar, eu não conseguia raciocinar, eu não conseguia se nem quer me por em pé.

Carol: Eu preciso ir embora – Falei levantando e quase caia, mas ele foi mais rápido e me segurou com força.

Daniel: Você não tá com condições de ir embora sozinha – Falou preocupado, mas eu me soltei de seus braços.

Carol: Me deixa Dan.. eu posso ir – Falei e quando eu estava indo em direção a porta e ele segurou meu braço.

Daniel: Eu só quero que você fique bem tá? – Falou e me deu um longo beijo na testa. Eu apenas concordei com a cabeça e sai batendo a porta de vagar. 

Ao sair da sala mais lágrimas tomaram o meu rosto em um choro desesperador, o que seria de mim agora? O que seria da minha vida? Eu precisava sair dali o mais rápido possível, Luan não poderia me ver naquele estado, não agora. Tentei enxugar minhas lágrimas, mas era nítido em meu rosto tudo o que eu estava passando, cheguei à recepção e por sorte minha tia estava lá só com Rafael e Alê, Luan com certeza ainda estaria na sala com seu pai e Luiz.

Mariana: Carol? O que aconteceu? – Perguntou assustada me olhando.

Carol: Preciso ir embora tia, me da a chave do carro – Pedi baixo e ela negou com a cabeça.

Mariana: Carol você não tá bem, me diz o que aconteceu? – Falou desesperada enquanto Rafael e Alê me olhavam assustados.

Carol: Me da a chave tia, depois eu te explico – Falei chorando – Por favor.

E então ela me deu a chave e eu corri para o carro, ao entrar chorei como uma criança, minha cabeça doía e meus sentimentos estavam confusos. Ao dar partida no carro, percebi que Carlos me seguia, com certeza deve ter sido minha tia que pediu que ele me acompanhasse até meu condomínio. Ao chegar em casa eu só precisava da minha cama, antes de me deitar tomei um remédio pra dor de cabeça e tomei um banho demorado, lembrei-me de tudo o que vivi com Dan e agora saber de seu verdadeiro sentimento por mim, me doía saber o quanto eu fui idiota. Agora era hora de colocar tudo no lugar e mesmo que meu maior desejo fosse ter Luan ao meu lado, eu precisava de um tempo sozinha, somente eu e a confusão que se encontrava meu coração.